Envelhecimento em Cães e Gatos: Síndrome da Disfunção Cognitiva

Empresa

Labyes

Data de Publicação

09/02/2015

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O aumento na expectativa de vida em cães e gatos traz novos desafios à medicina veterinária. Cuidados especiais com o paciente geriatra, garantindo sua saúde e bem-estar, cada vez mais se tornam uma realidade na clínica de pequenos animais.

Quando pensamos em geriatria, logo associamos esse período a alterações físicas, provenientes da redução nas funções fisiológicas, depressão do sistema imune e degenerações orgânicas. No entanto, cães e gatos podem demostrar alterações comportamentais paralelas às mudanças físicas.

Muitas vezes não conseguimos perceber a linha tênue entre problemas físicos e comportamentais, o que prejudica o diagnóstico e tratamento correto das queixas trazidas pelo proprietário.

Cães e gatos idosos naturalmente apresentam alterações na percepção, menor resposta a estímulos e declínio na capacidade de aprendizado e memória. Em estudo realizado em 2001, 21% dos cães com idade entre 11 e 12 anos avaliados apresentavam pelo menos um tipo de alteração comportamental relacionado com a idade. Na faixa etária de 15 a 16 anos, esse número subiu para 68%. (NEILSON)

Alguns animais apresentam pouca ou nenhuma mudança comportamental com o envelhecimento, enquanto outros desenvolvem um envelhecimento cerebral patológico, caracterizando a síndrome da disfunção cognitiva (SDC).

A SDC é uma desordem neurodegenerativa progressiva com deterioração gradual de funções cognitivas, que não podem ser atribuídas completamente a condições médicas ou às disfunções sensoriais/motoras relacionadas ao envelhecimento.

A SDC pode ser comparada à doença de Alzheimer em humanos, sendo cães e gatos os modelos utilizados para o estudo da doença.

Os sinais mais comuns da SDC são:
- Desorientação: o animal fica confuso em ambientes familiares. Ex: tenta sair pelo lado errado da porta, não consegue sair sozinho de um canto, se perde dentro de casa.
- Mudanças na interação com humanos ou outros animais: declínio nas brincadeiras, irritabilidade, menor afeição.
- Alteração no ciclo de sono e vigília: o animal dorme durante o dia e passa a noite acordado, podendo vocalizar, perambular e acordar o proprietário.
- Perda do treinamento, inclusive o higiênico: o animal desaprende, não sabe mais onde deve urinar e defecar e não responde mais a comandos.
- Alteração do nível de atividades: menor interesse em exploração, estado de inatividade geral. Em alguns casos, ocorre o oposto, com grande aumento na atividade, perambulação e desenvolvimento de comportamentos compulsivos.

Além disso, pode ocorrer aumento da ansiedade, alterações de apetite, redução nos cuidados com a higiene, aumento da vocalização, intolerância ao exercício, surgimento de novos medos e fobias e comportamentos destrutivos.

Em casos graves, pode haver perda total de contato do animal com o ambiente que o cerca, comprometendo gravemente a relação homem-animal, a ponto de romper o vínculo entre proprietário e animal de estimação.

No cérebro do animal idoso ocorrem algumas mudanças que podem explicar os sinais da SDC. Macroscopicamente, pode ser observado um espessamento das leptomeninges, alargamento dos sulcos e estreitamento dos giros, além de um aumento no volume ventricular.

Microscopicamente, a fibrose meníngea e de vasos pode ser encontrada, além da redução no número de neurônios e aumento de células gliais. Depósitos tóxicos no interior dos neurônios são comuns, especialmente de lipofucsina, ubiquitina e material beta-amiloide. Dependendo da localização desses neurônios, há diferentes comprometimentos para o animal, que incluem alterações motoras e comportamentais.

A deposição beta-amiloide em neurônios é vista como a principal causa da SDC, podendo levar à formação de placas, que tem correlação positiva com a gravidade da doença. As placas de material beta-amiloide causam comprometimento da função neuronal, com esgotamento de neurotransmissores e até perdas neuronais.

A ação dos radicais livres sobre o cérebro dos animais em processo de envelhecimento também é apontada como causa da SDC. O cérebro é particularmente suscetível aos efeitos nocivos dos radicais livres, devido ao seu alto teor lipídico, alta demanda de oxigênio e capacidade limitada de defesa e reparo por antioxidantes. Com o processo de envelhecimento, há um aumento na atividade da monoamina oxidase B, além de uma redução na função mitocondrial, incrementando a produção de radicais livres.

Pode ocorrer uma redução no fluxo sanguíneo em alguns casos.

Funcionalmente, há um esgotamento de neurotransmissores, que também podem contribuir com o desenvolvimento da SDC.

O diagnóstico definitivo de SDC só pode ser feito mediante histopatologia cerebral. Clinicamente, realiza-se um diagnóstico por exclusão de outros processos patológicos. Alguns autores desenvolvem testes cognitivos para cães e gatos, mas ainda são incompletos e de difícil execução na prática.

Quando nos deparamos com um animal com alterações comportamentais no envelhecimento, devemos realizar uma minuciosa anamnese clínica e comportamental para entender a evolução do quadro. Muitas vezes, são problemas comportamentais previamente existentes que se exacerbaram com o envelhecimento, o que não caracteriza a SDC. As causas clínicas devem ser descartadas através de rigoroso exame clínico, laboratorial e diagnóstico por imagem, quando necessário.

Além disso, devemos ficar atentos aos sinais que o animal manifesta e enquadrá-los nos sinais da SDC.

Os objetivos do tratamento da SDC são reverter a progressão da doença e repor os níveis de neurotransmissores ou facilitar seu metabolismo.

Para a reversão da progressão da doença, um programa comportamental deve ser adotado, além da administração de ácidos graxos e antioxidantes.

A estimulação do animal idoso é de extrema importância para a reversão do quadro.

Em cães, são indicados passeios diários com intensidade adequada à idade do cão, de preferência com socialização com outros animais. Além disso, devem ser oferecidos brinquedos com variadas texturas e tamanhos, além de ossos e courinhos mastigáveis.

Petiscos podem ser escondidos na cama do cão ou em diferentes locais da casa, estimulando-o a encontrar as recompensas, ou podem ser oferecidos através de brinquedos educacionais, que podem ser recheados com alimento.

Tanto em cães quanto em gatos, o proprietário deve manter uma interação positiva diária com o animal. Caso o animal faça truques, deve ser sempre estimulado a demonstrá-los.

O enriquecimento ambiental em gatos pode ser feito com o uso de arranhadores, diferentes tipos de brinquedos, colocação de prateleiras nas paredes, brincadeiras com sacolas e caixas de papelão.

Para evitar ansiedade, uma rotina deve ser mantida e, caso mudanças forem necessárias, devem ser feitas de forma gradual.

Caso seja diagnosticada outra questão comportamental concomitante à SDC, ela também deve ser tratada.

A Selegilina foi o primeiro medicamento licenciado para o tratamento da disfunção cognitiva em cães na América do Norte e atua no aumento da transmissão dopaminérgica, além de inibir a enzima monoamino-oxidase B. Ela deve ser utilizada com cuidado em pacientes nefro e hepatopatas, pois tem efeito acumulativo.

A administração de antioxidantes demonstrou excelente eficácia em estudos (MILGRAM, COTMAN, LANDSBERG, LIM), contrabalanceando as ações deletérias dos radicais livres e diminuindo a progressão da SDC, bem como dos sintomas demonstrados. O uso de antioxidantes concomitante à estimulação do animal teve um efeito sinérgico no tratamento da SDC (MILGRAM).

A administração de Gerioox® (Labyes) garante o aporte de antioxidantes e ácidos graxos necessários para a reversão da progressão da doença. A vitamina E, o selênio, o zinco e o cobre eliminam os radicais livres, enquanto os ácidos graxos EPA e DHA (ômega 3) reduzem o acúmulo de material beta-amiloide e ajudam a proteger as membranas.

Como em toda doença neurodegenerativa progressiva, quanto antes for realizada uma intervenção, melhor o prognóstico. Quando o tratamento medicamentoso e o programa comportamental são introduzidos em uma fase inicial da doença, com sinais sutis, conhecida como declínio cognitivo, o prognóstico é bom. Nos demais casos, temos prognóstico reservado.

Com o tratamento não há uma reversão completa do quadro, mas sim uma melhora dos sinais e interrupção da progressão da doença. O proprietário deve ser instruído a manter o tratamento pelo resto da vida do animal.

O diagnóstico precoce da SDC pode garantir uma maior longevidade, com melhor qualidade de vida para o paciente geriátrico.

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