O papel da nutrição especializada na solução das dermatopatias

Empresa

Royal Canin

Data de Publicação

17/04/2017

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Devido à sua constante interface com o meio ambiente, a pele desempenha várias funções vitais para o bem-estar dos animais. Como principal função, a capacidade de proteger os tecidos internos, protegendo–os contra a ação de patógenos invasivos e a perda excessiva de água. No entanto, a pele desempenha outras funções importantes: proporciona isolamento térmico, permite a regulação da temperatura corporal e fornece ao animal os meios que lhe permitem ter sensações, sendo muitas vezes um “espelho” da saúde interna. Assim, quando a pele apresenta algum problema, pode ser o reflexo do organismo em risco.

Por possuir uma alta taxa de renovação celular, a pele necessita receber quantidades adequadas de nutrientes para que sua estrutura e funções sejam
adequadamente mantidas. Uma nutrição completa e balanceada é o ponto de partida para uma pele saudável, pois a qualidade da pele e da pelagem é afetada por uma variedade de nutrientes intimamente relacionados à reparação celular, formação e renovação do pelo, coloração e brilho da pelagem.

A ingestão de proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e minerais em teores balanceados é essencial para melhorar a reparação cutânea. Tais
nutrientes são necessários para atender a demanda de energia e de nutrientes requerida para a multiplicação celular, para função adequada do sistema imune e para produção da matriz e dos tecidos epiteliais. Porém quando o animal apresenta problemas dermatológicos ou tem tendência a desenvolvê-los, esta necessidade pode estar alterada ou aumentada e a suplementação via alimento pode ser benéfica.

Estudos demonstraram que a combinação sinérgica de nicotinamida, ácido pantotênico, histidina, colina e inositol (Complexo PINCH) aumentou a síntese de ceramidas em cultura laboratorial de queratinócitos caninos. Ainda, a nicotinamida, o ácido pantotênico e a histidina demonstraram aumentar significativamente a síntese lipídica epidérmica, além da redução de perda de água transepidérmica e fortalecimento da barreira cutânea.

Por auxiliar o processo cicatricial e melhorar a função imune, o zinco e as vitaminas A e C devem ser fornecidas ao animal conforme suas necessidades nutricionais que variam de acordo com porte, necessidade específica e demanda racial. A vitamina E foi capaz de reduzir a produção e a liberação de mediadores inflamatórios em culturas mastocitárias, o que sugere que tal modulação também ocorra em cães atópicos e pode auxiliar no tratamento coadjuvante dos animais portadores dessa disfunção.

Os ácidos-graxos (ácido eicosapentaenoico – EPA, ácido docosahexanoico – DHA), presentes no óleo de peixes marinhos e os ácidos-graxos (ácido gama-linolênico – GLA), presente no óleo de borragem, são nutrientes que parecem auxiliar o tratamento dos processos inflamatórios cutâneos em geral. Com relação às doenças cutâneas, tanto o óleo de peixe quanto o óleo de borragem podem apresentam propriedades anti-inflamatórias, porém possuem mecanismos de ação diferentes.

A suplementação de Ômega 3 demonstrou efeitos anti-inflamatórios benéficos, pois compete diretamente com o ácido araquidônico pelas vias cicloxigenase e lipoxigenases enzimáticas, reduzindo a síntese de prostaglandina E2 , tromboxano A2 e leucotrieno B4 (KREMER, 2007).

O efeito anti-inflamatório do Ômega 6 está relacionado à síntese do ácido dihomo-gama-linolênico (DGLA) a partir da ingestão alimentar de GLA. O DGLA inibe a liberação de ácido araquidônico pela membrana celular e pode inibir o ciclo da lipoxigenase. O ácido linoleico é um dos principais componentes da ceramida-1, consideradas o componente mais importante da camada lipídica da pele que compõe a barreira cutânea, por isso acredita-se que este ácido graxo possua papel importante na função e integridade da barreira cutânea, além de ser o responsável pela beleza da pelagem.

Diversas são as dermatopatias comuns a cães e gatos causadas por ectoparasitas, agentes infecciosos e alérgenos. As dermatites alérgicas representam 8-21% das dermatopatias em cães e 25-35% em gatos.

A atopia, uma dermatopatia, é uma doença de origem genética, caracterizada por indivíduos que reagem a alérgenos externos - que podem ser inalados, ingeridos ou absorvidos, manifestando, principalmente, prurido na pele. É caracterizada por um aumento da perda de água transepidérmica secundária a uma alteração na camada lipídica da epiderme. A atopia foi tradicionalmente definida como uma reação de hipersensibilidade do tipo I com consequente produção de IgE. Sua patogênese ainda não foi totalmente elucidada, mas especula-se que envolva anormalidades do sistema imune e da barreira cutânea.

Cães com dermatite atópica possuem uma camada lipídica cutânea anormal em seu estrato córneo, e defeitos nesta camada aumentam a exposição natural do organismo aos alérgenos e facilita a penetração destes pela pele, promovendo a produção de uma resposta inflamatória. Assim, alimentos especialmente formulados com nutrientes que promovam a diminuição da inflamação e reforço da barreira cutânea, são especialmente recomendados durante o tratamento e na manutenção em longo prazo de animais atópicos.

Outra situação onde a nutrição tem um papel muito importante são os casos de reações adversas aos alimentos. A denominação reação adversa ao alimento é utilizada para descrever uma resposta clínica anormal à ingestão de um determinado alimento ou ingrediente da dieta e pode apresentar de duas formas diferentes: intolerância alimentar e alergia alimentar.

A intolerância alimentar é o termo apropriado para designar uma reação secundária a ações farmacológicas, metabólicas ou tóxicas que um determinado alimento pode desencadear no individuo ou pela incapacidade de digestão apropriada deste alimento.

A alergia alimentar ou hipersensibilidade alimentar é uma resposta imunológica ao alimento, onde há produção de anticorpos específicos. O principal nutriente capaz de induzir uma resposta alérgica são as proteínas e glicoproteínas e normalmente estas possuem tamanho entre 14 a de 40 kDa.

Nestes casos, o objetivo é alimentar o paciente estritamente com fontes inéditas ou modificadas do alérgeno, porém manter uma dieta nutricionalmente completa e balanceada. As proteínas não completamente digeridas possuem
um maior potencial para promover uma resposta imune. Proteínas de alto valor biológico são completamente digeridas e aminoácidos livres ou peptídeos tem menor potencial alergênico. Assim, a utilização de alimentos de alta digestibilidade que contenham proteínas hidrolisadas como ingrediente é o mais recomendado.

O manejo nutricional das doenças alérgicas e inflamatórias da pele visa principalmente: reduzir o prurido, a alopecia e o processo inflamatório, auxiliar a controlar infecções bacterianas e fúngicas, e promover a cicatrização tecidual. A utilização de alimentos de contenham nutrientes específicos exerce papel no fortalecimento da barreira cutânea, diminuindo a vulnerabilidade da pele a alérgenos e processos inflamatórios, contribuindo como auxiliar ao tratamento das principais dermatopatias veterinárias.