Aspectos Nutricionais na Alimentação Úmida de Cães Pequenos
Empresa
Royal CaninData de Publicação
12/06/2017
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Msc MV Luciana Peruca
Coordenadora de comunicação científica
Royal Canin do Brasil
Antes de abordar as particularidade de cães pequenos e seus respectivos apontamentos nutricionais é fundamental a contextualização elucidando alguns aspectos relacionados à palatabilidade em cães.
1. Palatabilidade
A palatabilidade se refere à qualidade do que é palatável ou ao atributo daquilo que é agradável ao paladar. Para os animais, a palatabilidade de um alimento varia de acordo de acordo com a espécie, condições gerais de saúde, tipo de alimento e ambiente (Figura 1).

Figura 1. Fatores que contribuem para a aceitação do alimento.
a. Animal
Há variações anatomofisiológicas entre as espécies que justificam diferentes percepções da palatabilidade de um mesmo alimento. Cães são animais semi-carnívoros que possuem 1700 papilas gustativas e de 80-220 milhões de células olfativas. Já os gatos são carnívoros estritos com 500 papilas gustativas e de 60-70 milhões de células olfativas (Royal Canin, 2006). Portanto, as capacidades olfatória e gustativa de cães são superiores quando comparadas as de gatos. Consequentemente, o nível de exigência nutricional, principalmente no que se refere à palatabilidade, é diferente entre essas espécies.
Além disso, há diferenças entre a palatabilidade do mesmo alimento para animais saudáveis e enfermos. Cães com cálculo dental e doença periodontal, por exemplo, serão mais seletivos na escolha do alimento que hígidos.
b. Alimento
Existem muitos fatores relacionados aos alimentos que influenciam na palatabilidade. Dentre eles, a composição, textura, formato, temperatura, aroma, tamanho do croquete e sabor são decisivos para uma nutrição adequada.
I. Composição
A composição do alimento tem grande influência sobre a palatabilidade. Alimentos com maior umidade (alimentação úmida apresenta, aproximadamente, 75% de umidade) são mais palatáveis. Os teores de nutrientes como proteína, gordura, vitaminas, entre outros, alteram a palatabilidade do alimento e são reconhecidos por meio do olfato.
II. Textura e formato
A textura e formato dos croquetes são importantes componentes na escolha do alimento. A resistência do croquete é percebida pelo cão via mecanorreceptores que são sensíveis ao seu formato e textura. Croquetes com formatos diferentes também são fatores que contribuem para aumentar a palatabilidade do alimento.
III. Temperatura e aroma
A temperatura da dieta é percebida pelos termorreceptores que também influenciam a detecção do aroma. E ambos são fatores que interferem na palatabilidade, uma vez que as moléculas que volatilizam e, portanto, atraem o cão ao alimento, estão mais concentradas em, aproximadamente, 40ºC.
IV. Tamanho
O croquete deve ser grande o suficiente para estimular a mastigação e, consequentemente, melhorar a digestibilidade e pequeno o suficiente para facilitar a preensão. Croquetes muito grandes para a mandíbula do cão dificultarão à pressão e, assim, tornarão a dieta menos palatável.
V. Sabor
Dentre os fatores de palatabilidade para cães o sabor não é o mais importante. A composição do alimento, ou seja, a qualidade e quantidade ideais dos nutrientes necessários à espécie é um dos principais aspectos para o aumento da palatabilidade.
c. Ambiente
O ambiente menos agitado e a presença de outras espécies que não causem ao cão uma sensação de ameaça tornam o momento da alimentação algo prazeroso e natural. Com isso, o ambiente adaptado aos padrões comportamentais do cão influencia na ingestão adequada do alimento fornecido.
A alimentação adequada de cães é fundamental para gerar bem-estar, qualidade de vida e longevidade a esses animais. Cães pequenos (até 10 kg de peso vivo quando adultos) estão mais predispostos à formação de cálculos urinários, além de possuírem tendência ao ganho de peso e apetite mais caprichoso.
Atualmente, além dos alimentos secos, há tipos de alimentos úmidos completos e balanceados, com todos os nutrientes necessários e em quantidades apropriadas para esses animais. Cães pequenos se beneficiam com a ingestão de alimentos úmidos devido a algumas vantagens desse tipo de nutrição:
- Alto teor de umidade: composta por 60-87% de água contribuindo com a ingestão hídrica e auxiliando na manutenção da saúde do trato urinário de cães miniaturas, uma vez que são predispostos à formação de cálculos urinários.
- Baixa caloria: maior porção com menos calorias que auxilia na manutenção do peso. A diluição calórica torna a energia metabolizável do alimento úmido, em geral, menor que a do respectivo alimento seco.
- Elevada palatabilidade: aroma mais evidente e atrativo associado a uma textura diferente do alimento seco. A alta palatabilidade do alimento úmido é um dos grandes benefícios desse tipo de alimentação para cães pequenos, uma vez que esses animais são mais seletivos no momento de se alimentar.
- Textura: característica que contribui para a atratividade ao alimento. A palatabilidade em cães é influenciada diretamente pelo perfil aromático do alimento e por texturas diferentes. O alimento úmido possui um perfil aromático mais atrativo e a textura diferenciada ao se comparar com o seco.
- Variedade de aromas: ao ser combinada com a alimentação seca oferece uma grande diversidade de aromas e texturas.
- Facilidade de preensão: cães pequenos conseguem realizar a preensão facilmente.
- Saciedade: apetite satisfeito mais rapidamente devido ao percentual elevado de água. A distensão do estômago ativa barorreceptores que provocam uma sensação de saciedade.
- Altamente digestível: digestibilidade elevada com o máximo aproveitamento dos nutrientes (Case, 2011).
Manejo alimentar
A alimentação úmida deve ser oferecida em combinação com a alimentação seca. Cães aceitam ambos os tipos de alimentos, úmido e seco, misturados ou fornecidos separadamente. O mais importante é seguir as recomendações da tabela de racionamento que informa a quantidade ideal de cada tipo de alimento a fim de atender às necessidades nutricionais diária dos cães.