Problemas articulares em Cães
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Com o aumento da expectativa de vida dos cães, e também devido ao número cada vez maior de animais com problemas de sobrepeso e obesidade, a prevalência dos problemas articulares tem aumentado ano após anos. O uso associado de anti-inflamatórios e condroprotetores pode ser uma importante ferramenta no dia-a-dia do Médico Veterinário Clínico de Pequenos Animais.
Uma vez que ainda não há tratamento que possa evitar ou reverter as alterações patológicas, o tratamento conservativo visa o alívio do desconforto e retardo do desenvolvimento das alterações degenerativas.
O uso dos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) é eficaz para alívio dos sintomas clínicos decorrentes da inflamação inibindo as prostaglandinas (PGs). Entretanto, segue-se o desconforto após suspensão de seu uso.
Os condroprotetores mais comumente utilizados podem ser classificados como agentes condromoduladores, com a função de retardar ou diminuir a progressão degenerativa das lesões nas cartilagens articulares.
Esses agentes possuem três efeitos primários como condroprotetor: sustentar o aumento do metabolismo dos condrócitos e células sinoviais, inibir as enzimas degenerativas do líquido sinovial e da matriz cartilaginosa, e inibir a formação de microtrombos nos vasos da circulação que nutrem a articulação (BOOTHE, 1997).
A seguir, separamos duas situações onde essa associação farmacêutica pode ser útil.
Uso em quadros de problemas articulares
Talvez a patologia mais comumente encontrada na clínica de pequenos animais seja a afecção articular degenerativa (AAD), ou osteoartrose (OA). A OA é uma doença de múltiplas causas e caracteriza-se por alterações patológicas da articulação sinovial. Esta patologia afeta muitas espécies animais, com ocorrência estimada em 20% dos cães com mais de 1 ano de idade (JOHNSTON, 1997).
Essa afecção ocorre graças ao resultado de eventos mecânicos e biológicos que desestabilizam o equilíbrio normal entre a degradação e síntese dos condrócitos da cartilagem articular, matriz extracelular e osso subcondral, culminando na degeneração articular.
As evidências clínicas da OA são caracterizadas por dor articular, limitação e alteração dos movimentos, redução do apoio, crepitação, efusão ocasional e graus variáveis de inflamação local, sem efeitos sistêmicos Souza et al. (2010) realizaram uma excelente revisão sobre os estudos clínicos que se debruçaram sobre a efetividade do uso de condroprotetores nos quadros de OA.
Os autores realizam um apanhado dos estudos que utilizaram os condroprotetores e os AINEs.
Ao citarem um teste realizado por Moreau et al. (2003), que relatou melhoras sensíveis nos animais tratados com AINEs, demostrada através de uma avaliação feita pela análise cinética, por meio de placa de força, mostrando melhora dos animais submetidos ao tratamento com AINEs, com os animais apresentando retorno à condição normal do uso do membro afetado.
Foram realizadas outras avaliações subjetivas por meio de escalas para o proprietário e ortopedista, além de um escore também realizado para o exame radiográfico de cada articulação acometida. Essa avaliação subjetiva percebeu mudanças significativas nos grupos tratados com AINEs.
Já quanto ao uso dos condroprotetores a revisão apontou que em um modelo experimental de sinovite induzida, foi comprovada uma diminuição da inflamação por meio de cintilografia nos animais tratados com condroprotetor em relação ao grupo controle com placebo. Realizaram conjuntamente exames clínicos, nos quais houve melhora da claudicação nos animais tratados.
Uso em animais obesos
Animais com obesidade ou sobrepeso precisam diminuir a ingestão calórica e aumentar a atividade física para que possam controlar adequadamente o seu escore de condição corporal. No entanto, muitas vezes estes animais têm dificuldades de locomoção e desenvolvem e/ou agravam quadros articulares por conta do problema com o peso.
Portanto, paralelamente à prescrição de um regime dietético, calculado a partir das necessidades energéticas diárias de cada animal, e a indicação de exercícios físicos e acompanhamento de programas de emagrecimento, pode ser necessário um tratamento preventivo e/ou curativo para problemas articulares.
De acordo com Guimarães e Tudury (2006) os efeitos físicos de carregar um excesso de peso colaboram para o aparecimento de problemas articulares e locomotores e para o desenvolvimento de artrite, contribuindo para que o animal venha a apresentar intolerância ao exercício.
A complicação das injúrias articulares conduz a uma redução de mobilidade e de gasto energético podendo dar início a um ciclo causa-efeito-causa, que piora, progressivamente, tanto a obesidade quanto a injúria articular.
Assim, com o uso de um anti-inflamatório associado a condroprotetores pode ser extremamente benéfico, possibilitando ao animal a prática regular de exercícios, aumentando muito o sucesso nos programas de controle da obesidade.
Dicas para os proprietários
Fique atento aos sintomas dos problemas articulares: o animal apresenta dificuldade ou falta de entusiasmo ao ser chamado para um passeio, fica cada vez mais tempo deitado, procura lugares mais quentes para se deitar, ou apresenta algum tipo de manqueira. Se notar esses sinais, ele deve ser levado ao Médico Veterinário imediatamente.
E como saber se o seu amigo está obeso? Um cão com o peso normal deve apresentar uma ‘cinturinha’ após a última costela. Esta concavidade deve ser bem discreta, mas facilmente perceptível quando olhamos nosso amigo de cima.
As costelas não devem ser visíveis, mas devem ser facilmente percebidas na palpação. Se você não enxergar mais essa ‘cinturinha’ ou não conseguir contar as costelas dele palpando a sua lateral, está na hora de leva-lo ao Médico Veterinário para começar um programa de controle de peso com acompanhamento.
Você estará poupando muita dor de cabeça no futuro, a dando ao seu companheiro mais qualidade de vida.