Protocolo para o tratamento de Piodermites

Empresa

Ourofino

Data de Publicação

09/11/2017

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Introdução

Representando 40% dos casos na rotina clínica veterinária, os atendimentos dermatológicos são frequentes, sendo a piodermite, uma das afecções comumente diagnosticadas que acomete principalmente a espécie canina. Causadas cada vez mais por microrganismos multirresistentes, as piodermites são geralmente decorrentes do aumento de bactérias presentes na microbiota normal ou transitória da pele, como o Staphylococcus pseudointermedius , envolvido em 99% dos casos. Assim, se faz necessário que o uso racional de medicamentos tais como os antimicrobianos, seja instituído tanto em terapias sistêmicas quanto nas terapias tópicas, evitando assim falhas no tratamento e aumento da resistência bacteriana.

Etiologia e Características

Dentre os agentes etiológicos encontrados com maior frequência nos casos de piodermite canina estão as bactérias do gênero Staphylococcus spp, sendo o S. pseudintermedius, previamente identificado como S. intermedius, a espécie comumente isolada, além de ser habitante normal da microbiota da pele e mucosas dos animais. Outros agentes, considerados invasores secundários também podem ser encontrados em casos de piodermites profundas, crônicas ou recidivantes. Sabe-se que as piodermites são classificadas em primárias ou secundárias, de acordo com a ausência ou presença de fatores predisponentes que alteram a resistência da pele e predispõe a infecções como alergias, doenças endócrinas, doenças auto-imunes ou infecções fúngicas; podendo também ser classificadas de acordo com a profundidade da infecção em: piodermite de superfície, piodermite superficial e piodermite profunda, onde normalmente quanto mais profunda mais grave é o processo, embora a gravidade também dependa da extensão das lesões.

Diagnóstico

O diagnóstico de piodermite em cães deve ser baseado na anamnese, exame físico e exames complementares como citologia, cultura e antibiograma. O exame citológico se mostra importante para distinguir entre a infecção bacteriana e a colonização bacteriana normal da pele indicando assim a profundidade das lesões. A ausência de bactérias no exame citológico não exclui o diagnóstico de piodermite bacteriana, tornando-se necessário a realização dos exames de cultura e antibiograma.

Sugestão de Tratamento

Geralmente os tratamentos das piodermites envolvem fármacos de mais de uma classe terapêutica, associando antibióticos, antinflamatórios e outros. Uma vez que a piodermite tenha sido diagnosticada, é importante avaliar e classificar a gravidade das lesões para assim verificar se o uso sistêmico dos medicamentos é justificável ou se o tratamento tópico já será suficiente. A prescrição adequada do fármaco deverá ser sempre fundamentada na realização prévia de exames de cultura e antibiograma para identificação da bactéria e de seu perfil de sensibilidade, tais informações cruzadas ao exame físico, darão os elementos para que o clínico possa eleger o melhor antibiótico segundo a classificação de: antibióticos de primeira, segunda ou terceira escolha.

Antibióticos de primeira escolha são aqueles administrados no início do tratamento enquanto se aguarda os resultados dos exames de cultura e antibiograma, porém, somente são recomendados para aqueles quadros cujo histórico demonstre não existir qualquer risco de que as bactérias envolvidas possam apresentar resistência. O ativo Cefalexina é considerado o antibiótico de primeira escolha por apresentar elevada eficácia, principalmente devido ao excelente efeito antiestafilocócico, além de ser seguro resultando em baixos efeitos colaterais ainda em tratamentos prolongados. A dose sugerida é de 15-30 mg/kg, por via oral, a cada 12 horas. As sulfonamidas potencializadas, como a associação de sulfadimetoxina-ormetoprim, também pode ser uma das escolhas para o tratamento de infecções em pele, principalmente aquelas causadas por bactérias do gênero Staphylococcus. A dose recomendada é de 55 mg/kg (no 1º dia) seguido de 27,5 mg/kg nos demais dias de tratamento, administrada por via oral a cada 24 horas.

As quinolonas, como a Enrofloxacina, são considerados antibióticos de segunda escolha segundo os mais recentes guidelines publicados, e devem ser utilizados após a conclusão do perfil de sensibilidade e se for evidente que terão efeito terapêutico. Nunca devem ser usados de forma empírica ou para iniciar tratamentos antes da conclusão do antibiograma. A dose terapêutica da Enrofloxacina é de 5 mg/kg, devendo ser administrada a cada 24 h, sendo a duração do tratamento preconizada pelo médico veterinário.

Dentre os antibióticos de terceira escolha, como aqueles à base de azitromicina são considerados como a “carta na manga” para o tratamento de piodermites causadas por bactérias altamente resistentes, sendo indicado na dose de 20 mg/kg (no 1º dia) seguido de 10 mg/kg nos demais dias de tratamento, administrado por via oral a cada 24 horas.

Além do uso de antibióticos, a administração sistêmica de anti-inflamatórios pode se fazer necessária em casos de piodermite secundária a doenças cutâneas alérgicas (dermatite atópica canina, alergia alimentar e dermatite alérgica à picada de pulga). Assim, com o objetivo de eliminar o intenso prurido, a administração de corticoide ou corticosteroide, como a prednisolona na dose de 0,5 a 1,0 mg/kg/dia via oral em doses decrescentes, vem sendo utilizada como terapia anti-inflamatória adjuvante nas infecções de pele.

A aplicação tópica de agentes antimicrobianos, como a Gentamicina, associada a antifúngicos como o Miconazol e a agentes anti-alérgicos como a Betametasona também são indicados no protocolo como opção vantajosa tanto para o suporte da terapia sistêmica ou, em alguns casos, como a única terapia para as afecções cutâneas, pelo fato de atuarem em uma concentração maior de ativos no local da lesão sem os riscos de efeitos colaterais sistêmicos e sem predispor a resistência bacteriana.