Soluções diferentes porque as otites não são iguais
Empresa
OurofinoData de Publicação
09/02/2018
Categoria: Patologia de Pequenos Animais
Emergencial: Não
Espécies: Caninos
Doença de Notificação Compulsória: Não
A otite externa é classificada como um processo inflamatório, agudo ou crônico, que atinge os pavilhões auriculares e o meato acústico externo de diversos animais, com o envolvimento de diferentes agentes etiológicos e fatores predisponentes e perpetuantes, sendo considerada uma patologia de grande importância na clínica de pequenos animais.
Durante os atendimentos clínicos, ao ser relatada como queixa pelo proprietário, tal patologia apresenta frequências estimadas que variam de 4,8 a 16,5% em cães, porém ao ser detectada pelo veterinário durante o exame clínico, a prevalência de otite externa, aumenta para 16 a 25%, estando na maioria dos casos, associada ao diagnóstico de outras patologias.
Dentre os fatores primários causadores de otite externa, são descritos as bactérias como o Staphylococcus intermedius e Streptococcus spp. do grupo gram positivo; e as gram negativas Pseudomonas aeruginosa e Proteus sp. Ainda dentre os fatores primários estão as leveduras M. pachydermatis e Candida spp., corpos estranhos, pólipos inflamatórios, desordens de queratinização, e as hipersensibilidades como atopia, dermatite de contato e alergia alimentar.
A conformação das orelhas, morfologia do conduto auditivo, limpeza inadequada das orelhas, doenças sistêmicas, alterações climáticas, classificam-se como fatores perpetuantes para a infecção.
Em decorrência desta diversidade de agentes etiológicos envolvidos em casos de otites em cães, o diagnóstico clínico deverá ser baseado na anamnese, nos achados de exame físico detalhado, bem como através de exames complementares como bacterioscopia, cultura e teste de sensibilidade aos antimicrobianos que irão atuar na identificação dos agentes etiológicos envolvidos e auxiliar na escolha do tratamento adequado.
A utilização de produtos tópicos polivalentes à base de antibióticos, antifúngicos e anti-inflamatórios associados à limpeza rotineira do pavilhão auricular, fazem parte do protocolo de tratamento adequado em quadros de otite externa.
Em se tratando de otite externa de etiologia bacteriana, assim como relatado em estudos publicados sobre avaliação de perfil de sensibilidade, as bactérias do gênero Estafilococos comumente encontradas em quadros agudos, mostram-se mais sensíveis à Gentamicina e as do gênero Pseudomonas, presentes em quadros crônicos de otite, são sensíveis à Ciprofloxacina; porém, podendo ocorrer uma variação desse padrão de sensibilidade de acordo com a amostra isolada.
Em decorrência disso é tão importante a realização de exames para identificar o agente infeccioso e avaliar a sua sensibilidade.
Em casos de otite externa associada à infecção secundária por fungos, cuja espécie M. pachydermatis é a mais encontrada, os ativos Miconazol e Cetoconazol são opções seguras e eficazes, pois apresentam amplo espectro anti-fúngico e quando administrados topicamente resultam em uma rápida absorção.
Em relação às opções de anti-inflamatórios de ação rápida, os glicocorticoides, como a Betametasona e a Fluocinolona são os ativos indicados no tratamento de otites, resultando na diminuição da inflamação, edema e prurido, além de tornar os condutos auditivos mais favoráveis à ação de outros ativos de uso tópico.
O uso de anestésicos locais, como a Lidocaína, também é indicado no protocolo de tratamento, proporcionando o alívio da dor e auxiliando na redução do prurido.
Tão importante quanto a medicação tópica, a limpeza dos ouvidos no tratamento e também na profilaxia das otites é uma medida indispensável, pois permite que a medicação atinja o epitélio do canal auditivo de forma adequada, além de reduzir a proliferação bacteriana e promover um ambiente mais propício à cura.
O uso de produtos que permitam uma limpeza suave e sejam compostos por substâncias que promovam hidratação e acalmem a pele com a mínima interferência nas condições fisiológicas do conduto auditivo também são indicados.
Destaque se dá aos extratos de origem vegetal para a finalidade descrita e também à escolha por formulações de pH menos ácido, ideal para uso antes da aplicação de formulações terapêuticas por não interferir na atividade antimicrobiana dos agentes presentes nessas formulações.
Apesar dos avanços da terapêutica das otites, muitos casos são refratários, devido à complexidade etiológica e resistência dos microrganismos aos antimicrobianos.
Assim, a fim de garantir o sucesso no tratamento é indispensável a realização de um minucioso diagnóstico, buscando a identificação do(s) agente etiológico, bem como a eleição do tratamento mais adequado, identificando; inclusive, a necessidade de associação de terapias sistêmicas para melhores resultados e menores índice de recidivas.