Resultados preliminares da avaliação endoscópica após administração oral de meloxicam em gatas: dose única de 0,3 mg/kg e 0,05 mg/kg ou 0,01 mg/kg durante sete dias

Empresa

Ourofino

Data de Publicação

03/05/2018

J. G. SILVA; H. J. M. SOUZA.; A.V.P. TROUILLET, M. P. P. FIRME, A. P. M. GARCIA, L. E. SILVA

Jaqueline Gomes da Silva, Mestranda do curso de Medicina Veterinária com área de concentração em Ciências Clínicas — UFRRJ. [email protected] , Rio de Janeiro, RJ, BRASIL.

Heloisa Justen Moreira de Souza, Membro do Comitê Científico Internacional de A Hora Veterinária, Professora Adjunto de Patologia Cirúrgica, Instituto de Medicina Veterinária — UFRRJ, Rio de Janeiro, RJ, BRASIL.

Alexandre Vinícius Pereira Trouillet, Mestre em Medicina Veterinária com área de concentração em Cirurgia e Clínica Veterinária — UFF - Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, BRASIL.

Manoella Paiva Penna Firme, Ana Paula Moreira Garcia, Graduandas do Curso de Medicina Veterinária — UFRRJ, Rio de Janeiro, RJ, BRASIL;

Licinio Esmeraldo da Silva, Professor Adjunto do Departamento de Estatística — Instituto de Matemática. UFF - Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, BRASIL.

*Trabalho realizado sob o auspícios da empresa Ouro Fino Ltda.

Artigo publicado em: A Hora Veterinária, v. 26, p. 19-20, 2007.

Resumo

Foi realizada endoscopia para examinar a mucosa gastroduodenal de oito gatos saudáveis. Este estudo é dividido em duas fases: A primeira inclui dois grupos: Grupo A (controle) n=6; e grupo B (0,3 mg/kg de meloxicam, via oral) n=12.

A segunda fase composta por três grupos: Grupo A (controle) n=5; Grupo B (0,05 mg/kg) n=6; grupo C (0,1 mg/kg) n=6. Lesões gastroduodenais foram observadas em um gato do grupo B na primeira fase do experimento.

Na segunda fase foram observadas lesões em dois gatos do Grupo A, dois gatos do Grupo B e um gato do grupo C. Nenhum dos gatos mostrou qualquer sinal clínico relacionado às lesões gastroduodenais.

Introdução

O meloxicam é um antiinflamatório não-esteroidal (AINE) derivado do ácido enólico, relativamente novo, com propriedades analgésica, antiinflamatória e antipirética. Está indicado inicialmente na dose de 0,2 mg/kg, seguida de administrações de 0,1 mg/kg em intervalos de 24 horas.

Para dor crônica, como nas osteoartrites, temos a indicação de 0,3 mg/kg via subcutânea ou endovenosa em dose única; 0,1 mg/kg via oral a cada 24 horas até 4 dias ou por 2 dias seguidos de administrações de 0,025 mg/kg duas a três vezes na semana.

Grande parte dos AINEs utilizados atualmente em medicina veterinária bloqueiam tanto COX-1 (forma constitutiva e participa de processos fisiológicos, mantendo a integridade da mucosa gástrica e modulação do fluxo sangüíneo renal além da função plaquetária) quanto COX-2 (forma induzível), fazendo com que muitos dos efeitos indesejáveis estejam relacionados com o sistema digestivo e alterações na função renal por atuação sobre a COX-1.

O meloxicam aparentemente poupa a atividade da COX-1 in vivo, concluído a partir da não alteração significativa observada sobre a produção da prostaglandina E2 da mucosa gástrica.

A análise in vitro do meloxicam utilizando monócito/macrófago canino revelou maior seletividade deste AINE pela COX-2, tendo 12 vezes maior atividade sobre esta, em comparação a COX-1.

Essa maior seletividade do meloxicam pela COX-2 in vitro e in vivo proporciona um efeito antiinflamatório considerável com uma menor tendência para desenvolvimento de lesões digestivas em pacientes que sejam tratados com meloxicam.

Os efeitos indesejáveis que mais sobressaem na atuação pelo bloqueio da COX-1, são principalmente na mucosa gástrica, causando irritação e o melhor método para determinação e graduação de lesões no trato digestivo é uma avaliação endoscópica, por ser mais sensível até que a histopatologia.

O presente estudo tem como objetivos proporcionar uma opção terapêutica para reduzir a dor em gatos que necessitem de terapia antiinflamatória prolongada com a segurança do meloxicam determinada por avaliações endoscópicas da mucosa gastroduodenal nos animais do estudo.

Material e Métodos

Foram utilizadas 18 gatas clinicamente saudáveis, que não recebiam antiinflamatório há um intervalo maior que 20 dias do início da seleção. Este estudo é dividido em duas fases. A primeira fase é composta de dois grupos: grupo A (controle) com n=6; e grupo B (0,3 mg/kg) com n=12. A segunda fase é composta de três grupos: grupo A (controle) com n=5; grupo B (0,05 mg/kg) com n=6; grupo C (0,1 mg/kg) com n=6.

Para realização das endoscopias foi utilizado um endoscópio Olympus EXERA CV-145 E EXERA CLV-160, tubo de um metro GIF-V, monitor Olympus color vídeo modelo OEV 142 — fabricado no Japão. As imagens foram gravadas em Videocassete Recorder.

Na primeira fase os animais do grupo tratado receberam uma dose de 0,3 mg/kg via oral, em média 12 horas antes da endoscopia, quando eram analisadas e classificadas cinco regiões da mucosa gastroduodenal de cada animal do estudo.

As endoscopias foram gravadas em fitas de vídeo para comparação com a endoscopia da segunda fase do estudo, que se deu após sete dias de administrações a cada 24 horas via oral de 0,05 mg/kg para o grupo B e 0,1 mg/kg para o grupo C, o grupo A não recebeu medicação.

Para a primeira fase do estudo as endoscopias foram submetidas ao teste de Mann-Whitney, na segunda fase os resultados foram analisados pelo teste Kruskall-Wallis. A análise pareada entre a endoscopia da primeira fase com as da segunda foram realizadas pelo teste do sinal.

Todos os testes estatísticos foram submetidos ao nível de significância de 5%. Os testes estatísticos foram realizados em programa de computador SPSS (Statistical Package for Social SciencesMicroSoftware 8.0).

Resultados e Discussão

Na primeira fase do estudo foi observada lesão em duodeno de uma das doze gatas do grupo B. Tal lesão poderia ser anterior à administração do meloxicam ou provocada pelo mesmo; o tratamento estatístico não evidenciou diferença estatisticamente significativa entre os grupos na primeira fase do experimento.

Este animal em que foi observada a lesão em duodeno não demonstrou sinais clínicos de lesão em mucosa gastroduodenal. Esta gata se encontra durante a segunda fase no grupo B.

Após os sete dias seguintes em que os animais do grupo B receberam 0,05 mg/kg e os animais do grupo C receberam 0,1 mg/kg de meloxicam via oral, a endoscopia da segunda fase do experimento revelou para o grupo A ou controle dois animais com lesão em antro, para o grupo B um animal com lesão em duodeno, e para o grupo C um animal com duas lesões, uma em piloro e outra em duodeno.

Em uma análise transversal entre os três grupos na segunda fase do experimento não foi observada diferença estatisticamente significativa, tão pouco foi evidenciada diferença estatisticamente significativa em uma visão longitudinal entre as endoscopias da primeira fase e as endoscopias da segunda fase do experimento dentro dos grupos.

Nenhum dos animais demonstrou sinais clínicos de lesão de mucosa gastroduodenal, demonstrando assim a segurança do meloxicam em gatos.

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