Protocolo para o tratamento de doença articular degenerativa

Empresa

Ourofino

Data de Publicação

03/05/2018

Tipo de Conteúdo: Guia de Patologias
Categoria: Patologia de Pequenos Animais
Emergencial: Não
Espécies: Caninos e Felinos
Doença de Notificação Compulsória: Não

Introdução

Doença articular degenerativa (DAD), osteoartrose ou osteoartrite são sinônimos usados para classificar a alteração não infecciosa e progressiva que acomete a cartilagem das articulações sinoviais.

Esta alteração é caracterizada pela deterioração progressiva da cartilagem articular acompanhada de alterações ósseas e de tecidos moles, sendo frequentemente relatada em humanos e animais domésticos, como nos cães, em que as osteoartrites representam cerca de 70% das consultas ortopédicas.

Etiologia e Patogenia

Diferentes fatores são identificados como causa da DAD, dentre eles: trauma, fratura intra-articular, subluxação ou luxação articular, defeitos de conformação e deformidade angular. A DAD é classificada em primária quando sua origem é desconhecida e secundária quando há fatores predisponentes a ocorrência de defeitos de conformação e infecção articular.

Em cães, observa-se que a articulação do joelho, ombro e a articulação coxofemoral são as mais acometidas, cujo processo degenerativo é decorrente do uso excessivo de tais articulações ou de conformações inadequadas que predispõem às forças indesejadas sobre a cartilagem.

Sabe-se que a instalação e progressão da DAD são atribuídas à degradação enzimática da cartilagem articular. Na articulação saudável, os condrócitos são os responsáveis por manter o balanço entre a degradação da matriz cartilagínea e sua reparação.

Este equilíbrio é mantido pela interação complexa entre condrócitos, citocinas e estímulos mecânicos. Na DAD ocorre a quebra desta condição de homeostase, desencadeando, predominantemente, um processo degradativo, que associado ao aumento na liberação de citocinas e mediadores inflamatórios, irão ocasionar no processo de degeneração da cartilagem articular.

Diagnóstico e Sinais Clínicos

Para a realização do diagnóstico da DAD, além da avaliação clínica, alguns exames auxiliares podem ser utilizados, tais como radiografia, ultrassonografia, ressonância magnética, tomografia computadorizada além dos métodos como a artroscopia, análise do liquido sinovial, anestesia diagnóstica, histopatologia e marcadores bioquímicos.

A DAD manifesta-se com leve claudicação progressiva que pode ser unilateral ou bilateral, em alguns casos pode-se observar claudicação de grau moderado a severo. A sensibilidade dolorosa é o sintoma predominante no processo degenerativo articular.

Em articulações de grande movimentação com inflamação aguda, há claudicação, aumento da temperatura, aumento do volume articular e dor à flexão. Nos casos crônicos, o aumento articular está associado à deposição de tecido fibroso podendo haver espessamento ósseo com limitada movimentação, sendo que os sinais podem persistir em grau variável.

Sugestão de Tratamento

O tratamento da DAD apresenta três prioridades básicas: buscar a regeneração da cartilagem; tratar a inflamação para que o processo de degeneração não se intensifique e controlar a dor trazendo maior conforto aos animais.

Sendo assim, para se alcançar esses três pilares, o atual conceito da terapia multimodal deve ser considerado, pois ela engloba o uso de: anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), como por exemplo, o meloxicam; condroprotetores, como o sulfato de condroiditina A e glicosamina; e ainda o uso de opióides, como o tramadol.

Os AINEs são recomendados por seus efeitos analgésicos e anti-inflamatórios, sendo o meloxicam indicado na dose de 0,2 mg/kg (1º dia) e 0,1 mg/kg nos demais dias, o ativo de escolha, por apresentar ação inibitória seletiva da COX-2 e preservar a enzima COX-1, promovendo o controle da inflamação com menos danos à mucosa gástrica e menos riscos de toxicidade renal.

A associação do meloxicam ao ativo sulfato de condroitina A, na dose de 40 mg/kg (1º dia) e 20 mg/kg nos demais dias também é indicada, pois irá atuar nas duas principais necessidades: combate à inflamação e reposição da matriz cartilaginosa, devido o fornecimento de um componente natural da cartilagem.

Ainda como parte do protocolo, a suplementação com agentes condroprotetores orais como o sulfato de condroiditina A e glicosamina associado a minerais é recomendado pois irão atuar na manutenção da integridade fisiológica e funcional do tecido cartilaginoso e do fluido sinovial, além de diminuir a inflamação e inibir a ação das enzimas degradativas intra-articulares.

Para o controle da dor, alívio do desconforto e melhoria na qualidade de vida dos cães e gatos com DAD, o uso de analgésicos opióides como o ativo tramadol, também é indicado e poderá ser administrado por via oral na dose de 2 a 4 mg/kg.

Aliado ao tratamento medicamentoso, fisioterapia, dieta balanceada a fim de reduzir o excesso de peso dos animais acometidos com DAD e redução de exercícios de alto impacto são recomendados.