Protocolo para prevenção e tratamento da DAPE

Empresa

Ourofino

Data de Publicação

23/05/2018

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Categoria: Patologia de Pequenos Animais

Emergencial: Não

Espécies: Caninos Doença de Notificação

Compulsória: Não

A DAPE (Dermatite Alérgica a Picada de Ectoparasitas) é uma desordem da pele que representa 50% das dermatoses alérgicas em cães, sendo definida como uma reação de hipersensibilidade aos componentes presentes na saliva de pulgas e carrapatos, que são eliminados durante a picada destes ectoparasitas.

Dentre as espécies mais comuns de pulgas causadoras desta doença, a Ctenocephalides felis é encontrada em 92% das infestações caninas e em 99% das felinas. Com relação aos carrapatos, o mais comumente encontrado é o Rhipicephalus sanguineus.

Tais espécies, que apresentam na saliva, aproximadamente 15 substâncias alergênicas como os polipeptídeos, aminoácidos, haptenos, além de enzimas proteolíticas e anticoagulantes que irão estimular o sistema imunológico e gerar as reações de hipersensibilidade e os sinais clínicos nos animais mais sensíveis, que podem ser de qualquer raça, sexo ou idade.

Em cães com DAPE, o sintoma clínico mais observado é a coceira intensa, além de lesões por mordedura na região da cauda, áreas de alopecia e crostas hemorrágicas.

Nos gatos, os sinais mais comuns são alopecia e coceira, além do aparecimento de crostas e protuberâncias ao redor do pescoço e no dorso. Em casos mais crônicos, o aparecimento de infecções secundárias de pele também poderá ser notado.

Deve ser realizado o diagnóstico diferencial para outras doenças com sinais clínicos semelhantes, como a dermatite atópica e a hipersensibilidade alimentar e mesmo que a DAPE não seja a causa principal da alergia, a presença de pulgas e carrapatos só irá piorar o quadro clínico do animal e por isso a importância na eliminação desses ectoparasitas.

Sabe-se que a DAPE apresenta alguns desafios em relação à prevenção e tratamento.

Os desafios na prevenção ocorrem por diversos fatores como dificuldades no controle de pulgas e carrapatos, cujos produtos ectoparasiticidas precisam de um tempo para agir, não apresentando efeito imediato, além de atuarem eliminando as formas adultas presentes no animal, não sendo efetivos no controle ambiental.

Já o fato da DAPE muitas vezes coexistir com outras dermatopatias alérgicas ou ainda poder vir acompanhada de infecções bacterianas, como as piodermites, que acorrem por conta do prurido intenso causando pequenos traumas e tornando a pele mais susceptível à colonização de bactérias como: S. intermedius; Pseudomonas sp., Proteus sp., E.coli e o S. aureus, são os desafios que podem interferir no tratamento.

Para o protocolo de tratamento da DAPE, sugere-se a realização do controle efetivo da infestação das pulgas e carrapatos no animal e no ambiente associado ao tratamento sintomático do paciente com uso de medicamentos que visem à diminuição da reação de hipersensibilidade e o controle do prurido e das infecções secundárias.

A fim de atuar nos estágios adultos dos ectoparasitas já encontrados sobre o animal ou visando auxiliar na prevenção de infestações, é recomendada a aplicação mensal de produtos químicos que apresentam efeito adulticida como, por exemplo, o ativo Fipronil, molécula já utilizada por décadas no mercado veterinário para o controle de pulgas e carrapatos, que irá atuar bloqueando os receptores do GABA, neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central, causando a morte dos ectoparasitas por hiperexcitação.

Por apresentar efeito reservatório e ficar armazenado nas glândulas sebáceas do folículo piloso, sua liberação é gradual, garantindo assim a ação prolongada e alta eficácia contra pulgas e carrapatos em cães e gatos.

Outra opção de tratamento em cães é a utilização de coleira ectoparasiticida a base de deltametrina 4% e propoxur 12%, produto de uso prolongado, com indicação de troca a cada 6 meses, cujos estudos clínicos realizados demonstraram que após 2 dias da colocação no animal, 98,58% da infestação de carrapatos tinha sido controlada e a eficácia manteve-se durante 6 meses de uso do produto.

Para pulgas, 95,87% das infestações tinham sido controladas, cuja eficácia também se prolongou por 9 meses.

Com o objetivo de eliminar o intenso prurido nos animais com DAPE, a administração de corticoide ou corticosteroide, como a prednisolona, vem sendo a droga mais utilizada na Medicina Veterinária.

A prednisolona é um glicocorticoide com potência anti-inflamatória 3 a 5 vezes maior do que o cortisol e na dose de 0,5 a 1,0 mg/kg a cada 12-24 horas, irá atuar reduzindo o processo alérgico e a inflamação local, além de apresentar 50% a menos de efeitos colaterais comuns em terapias com esteroides.

Para os casos em que houver infecções secundárias de pele, como as piodermites, indica-se a administração do ativo Cefalexina, que é considerado o antibiótico de primeira escolha, por apresentar amplo espectro de ação, elevada eficácia e baixos efeitos colaterais, sendo administrado na dose recomendada de 30 mg/kg, por via oral, a cada 12 horas, ao longo de três a oito semanas ou de acordo com o protocolo adotado pelo médico veterinário.

Assim, concluímos que a associação de medidas de prevenção e controle das infestações das pulgas e carrapatos aliadas ao uso de produtos que atuem na cura dos sinais clínicos nos animais, fazem parte do protocolo para o sucesso no tratamento da DAPE.

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Fontes

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DEMANUELLE, T.C. Pulgas e Dermatite Alérgica a Pulgas. In: Ettinger, S. J.; Feldman, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária – Doenças do cão e do gato. 5ªed. Vol.2. Rio de Janeiro, Editora Guanabara Koogan S.A, p. 2075, 2004.

TALAUKAS, G.Y. Alergia à pulgas e carrapatos. Mito ou verdade? Nossa Revista, 2009. Disponível em http://www.gustavo.vet.br/dape.htm

SILVA, F.S. A importância hematofágica e parasitológica da saliva dos insetos hematófagos. Revista Tropica – Ciencias Agrarias e Biologicas, v. 3 p.3, 2009.

PEREIRA, M.C.; SANTOS, A.P. Ctenocephalides felis felis: biologia, ecologia e controle integrado (1ª parte- Biologia e Ecologia). Clínica Vet., n.16, p.34-38, 1998.