Protocolo pré e pós-operatório: como garantir o bem-estar?
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Muitos são os procedimentos cirúrgicos realizados na rotina veterinária e, mesmo nos procedimentos mais simples, os cuidados no pré e pós-operatório, principalmente em relação ao protocolo analgésico para o paciente, são de extrema importância.
Sabe-se que quadros de dor crônica ocorrem de forma frequente após intervenções cirúrgicas, e tais casos ao serem negligenciados, tornam-se um importante fator que poderá acarretar em várias alterações fisiológicas, retardando a recuperação do paciente e comprometendo o bem-estar.
Assim, o uso de medicamentos como analgésicos e anti-inflamatórios, de forma isolada ou combinada, faz-se necessários para estas situações. Uma técnica muito utilizada é a analgesia preemptiva, que se refere à utilização de agentes analgésicos, antes do paciente ser exposto ao estímulo nocivo.
Essa estratégia tem o objetivo de inibir o processo de sensibilização periférica e central, reduzindo a dor pós-operatória e promovendo um período mais rápido de recuperação do paciente.
Já as associações de fármacos analgésicos e anti-inflamatórios em doses efetivas e por vias adequadas, resultando na chamada analgesia balanceada ou multimodal, vem sendo destacada como a melhor opção terapêutica para o controle da dor devido a ação sinérgica de ativos, proporcionando o controle satisfatório da dor crônica pós-cirúrgica.
No grupo dos fármacos opióides, podemos citar o cloridrato de tramadol, que apresenta eficácia no controle da dor de grau moderado e intenso e é muito utilizado em procedimentos cirúrgicos devido à possibilidade de associação com anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e pelo fato de causarem poucos efeitos adversos.
Em cães e gatos, o tramadol é indicado na dose de 2 a 4 mg/kg, com a duração do tratamento sendo ajustada a critério do médico-veterinário e de acordo com o quadro clínico do animal.
Dentre os AINEs, o meloxicam é ativo mais utilizado na clínica de animais de companhia, ao atuar por meio do bloqueio preferencial da enzima COX-2 apresenta atividade anti-inflamatória, analgésica e anti-exsudativa com mínimos efeitos gastrolesivos e ulcerogênicos, sendo considerado um dos AINEs mais seguros atualmente e o primeiro anti-inflamatório aprovado pelo FDA para uso em felinos.
A dose recomendada para cães é de 0,2 mg/kg no primeiro dia seguido de 0,1mg/ kg nos demais dias, com a duração do tratamento sendo estipulada pelo veterinário. Para gatos, a dose recomendada é de 0,1 mg/kg não devendo ultrapassar 4 dias de tratamento.
Ainda dentro do protocolo no pós-operatório, a utilização de produtos específicos com a finalidade de auxiliar o processo cicatricial poderá ser necessária. Dentre os agentes, podemos citar a ketanserina e o asiaticosídeo, ativos genuinamente cicatrizantes que apresentam atuações distintas e benefícios complementares no processo de cicatrização.
Tais ativos são indicados para cães e gatos, podendo ser aplicados na área a ser cicatrizada três vezes ao dia, ou a critério do médico veterinário até a completa cicatrização da ferida. Procedimentos cirúrgicos envolvem cuidados com os pacientes que devem ser iniciados antes do procedimento e devem ser finalizados somente com a recuperação completa do animal.
Estes cuidados envolvem medidas para garantir a saúde do paciente, reduzir quadros de dor, riscos associados ao procedimento cirúrgico e, especialmente, para garantir o bem-estar e uma recuperação mais pronta dos animais.
Fontes
FANTONI, D. T.; MASTROCINQUE, S. Analgesia preemptiva: mito ou fato? Clínica Veterinária, n. 49, p. 24-32.
FOSSUM, T.W. Surgical Infections and Antibiotic Selection, 2004. PAPICH, M.G. Principles of analgesic drug therapy. Seminars in Veterinary Medicine and Surgery Small Animal, v.12, n.2, p.80-93, 1997.
GANEM, E. A. et al. Efeitos da associação entre pequenas doses subaracnoideas de morfina e cetoprofeno venoso e oral em pacientes submetidas à cesariana. Revista Brasileira de Anestesiologia. v.53, n.4, Campinas, 2003.