O Controle de Fósforo para o Paciente com Doença Renal Crônica

Empresa

Royal Canin

Data de Publicação

05/10/2018

PDF

Produtos Relacionados

M.V. Larissa de Lucca Druwe Lima

O manejo nutricional adequado é o principal aliado no tratamento da doença renal crônica em cães e gatos. O principal objetivo da nutrição neste caso é colaborar para o controle da progressão da doença e minimizar os efeitos negativos consequentes da evolução desta patologia (QUÉAU, 2013). A nutrição adequada pode proporcionar um aumento na sobrevida de gatos e cães com DRC, além da melhora na qualidade de vida (JACOB et al., 2002). O fósforo se apresenta como um dos principais vilões na DRC e requer controle monitorado durante toda a vida do paciente (ROSS et al., 2006).  

Apesar do fósforo ser um nutriente essencial para diversas funções fisiológicas, a alta ingestão deste mineral, por um paciente com doença renal, pode resultar em efeitos negativos para a saúde (CHANG; ANDERSON, 2017). A hiperfosfatemia pode ser tóxica e levar a maior produção de paratormônio (PTH), calcificação renal, injúria tubular e piora na progressão da doença, sendo o menor tempo de sobrevida uma consequência significativa (BARBER et al., 1999; RUTHERFORD et al., 1977). 

A homeostase de fósforo no organismo é mantida através da absorção e secreção pelo sistema gastrointestinal, na filtração e reabsorção pelos rins e em sua quantidade presente no tecido ósseo (BERNDT; KUMAR, 2007). Quanto à sua absorção proveniente dos alimentos, a maior parte ocorre no intestino delgado, de maneira passiva e diretamente proporcional à quantidade de fósforo ingerida. Aproximadamente 100% do fósforo é filtrado pelo glomérulo renal, sendo 80-90% reabsorvido no túbulo proximal (FORSTER et al., 2006; SABBAGH et al., 2009). Em pacientes com doença renal crônica, encontramos capacidade de excreção de fósforo comprometida, levando a aumento da concentração de fósforo sérico (ELLIOTT, 2011).

Sendo assim, a quantidade de fósforo na dieta do paciente nefropata deve ser restrita para retardar a evolução da patologia e evitar ocorrência de novas leões renais (ROSS; FINCO; CROWELL, 1982). A biodisponibilidade de fósforo pode variar conforme sua fonte de ingestão: vegetais geralmente apresentam menor biodisponibilidade deste nutriente (em torno de 40%), enquanto o fósforo inorgânico possui biodisponibilidade próxima de 100% (KARP et al., 2012a, 2012b). Encontramos fósforo naturalmente em fontes proteicas, principalmente aquelas de origem animal, por isso, estas geralmente também se apresentam em menor quantidade no alimento específico. 

A utilização de valores moderados de proteína, no alimento coadjuvante ao tratamento do paciente renal, também possibilita melhor controle da concentração de fósforo sérico (FINCO et al., 1992, 1998). Quelantes de fósforo são outra forma de auxiliar no controle da ingestão pelo alimento. Estas substâncias minimizam a retenção de fósforo presente na dieta, sendo os mais utilizados, geralmente, o carbonato de cálcio e hidróxido de alumínio (BARBER et al., 1999; ELLIOTT et al., 2000). 

A nutrição adequada é um dos pilares auxiliares no tratamento do gato e do cão com doença renal crônica (QUÉAU, 2013). Dieta apropriada e o controle de fósforo se fazem necessários logo nos primeiros estágios da doença para que o resultado no tratamento seja o mais eficaz possível. 

Referências

BARBER, P. J. et al. Effect of dietary phosphate restriction on renal secondary hyperparathyroidism in the cat. Journal of Small Animal Practice, v. 40, n. 2, p. 62–70, 1999. 

BERNDT, T.; KUMAR, R. Phosphatonins and the regulation of phosphate homeostasis. Annual review of physiology, v. 69, p. 341–59, 2007. 

CHANG, A. R.; ANDERSON, C. Dietary Phosphorus Intake and the Kidney. Annual review of nutrition, v. 37, n. Cvd, p. 321–346, 2017. 

ELLIOTT, D. A. Nutritional Considerations for the Dialytic Patient. Veterinary Clinics of North America - Small Animal Practice, v. 41, n. 1, p. 239–250, 2011. 

ELLIOTT, J. et al. Survival of cats with naturally occurring chronic renal failure: effect of dietary management. The Journal of small animal practice, v. 41, n. 6, p. 235–242, 2000. 

FINCO, D. R. et al. Effects of dietary phosphorus and protein in dogs with chronic renal failure. American journal of veterinary research, v. 53, n. 12, p. 2264–71, dez. 1992. 

FINCO, D. R. et al. Protein and calorie effects on progression of induced chronic renal failure in cats. American journal of veterinary research, v. 59, n. 5, p. 575–82, maio 1998. 

FORSTER, I. C. et al. Proximal tubular handling of phosphate: A molecular perspective. Kidney international, v. 70, n. 9, p. 1548–59, nov. 2006. 

JACOB, F. et al. Clinical evaluation of dietary modification for treatment of spontaneous chronic renal failure in dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 220, n. 8, p. 1163–70, 15 abr. 2002. 

KARP, H. et al. Differences among total and in vitro digestible phosphorus content of meat and milk products. Journal of renal nutrition : the official journal of the Council on Renal Nutrition of the National Kidney Foundation, v. 22, n. 3, p. 344–9, maio 2012a. 

KARP, H. et al. Differences among total and in vitro digestible phosphorus content of plant foods and beverages. Journal of renal nutrition : the official journal of the Council on Renal Nutrition of the National Kidney Foundation, v. 22, n. 4, p. 416–22, jul. 2012b. 

ROSS, L. A.; FINCO, D. R.; CROWELL, W. A. Effect of dietary phosphorus restriction on the kidneys of cats with reduced renal mass. American journal of veterinary research, v. 43, n. 6, p. 1023–6, jun. 1982. 

ROSS, S. J. et al. Clinical evaluation of dietary modification for treatment of spontaneous chronic kidney disease in cats. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 229, n. 6, p. 949–957, set. 2006. 

RUTHERFORD, W. E. et al. Phosphate control and 25 hydroxycholecalciferol administration in preventing experimental renal osteodystrophy in the dog. Journal of Clinical Investigation, v. 60, n. 2, p. 332–341, 1977. 

SABBAGH, Y. et al. Intestinal npt2b plays a major role in phosphate absorption and homeostasis. Journal of the American Society of Nephrology : JASN, v. 20, n. 11, p. 2348–58, nov. 2009. 

QUÉAU, Y. Manejo Nutricional da Doença Renal Crônica Felina. Doenças Renais. Revista Veterinary Focus. A revista Internacional para o Médico Veterinário de animais de companhia, v. 23, n. 3, p. 40–46, 2013.