Doença Renal Crônica: Como Alimentar o Paciente?
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Msc MV Luciana Peruca
A doença renal crônica (DRC) é um distúrbio comum em animais idosos (1). Em casos de insuficiência progressiva, os rins perdem a capacidade de concentração da urina. Como um maior volume urinário é produzido, observa-se um aumento da micção com polidipsia compensatória (ou seja, um aumento da ingestão de água em resposta à poliúria).
Os resíduos metabólicos eliminados normalmente pelos rins começam a se acumular no sangue, atuando como um “gatilho” (deflagrador) de complicações cada vez mais graves à medida que a doença evolui.
A doença renal crônica ocorre quando a unidade funcional do órgão (o néfron) deixa de exercer a sua função. Isso significa que o fósforo do sangue não é mais excretado de maneira adequada, gerando a hiperfosfatemia. À medida que uma maior proporção de néfrons falha, ocorre uma série de sinais, incluindo a perda do apetite e a diminuição do consumo alimentar.
A DRC pode ser um problema hereditário ou familiar que está presente desde o nascimento. Também pode ser desencadeada em uma fase mais tardia como resultado de inflamação dos rins, infecção ou ingestão de substâncias tóxicas pelo animal.
Como os rins naturalmente possuem uma grande capacidade de “reserva” para filtrar o sangue, nenhum sinal clínico se torna aparente até que uma quantidade considerável de tecido renal tenha sofrido dano. Comumente, os sinais clínicos de doença renal crônica só aparecem quando há uma perda funcional de 75% dos néfrons. Embora o dano aos rins seja irreversível, é possível retardar a evolução da doença renal crônica e melhorar a qualidade e, consequentemente, a expectativa de vida de cães.
O segredo está no manejo nutricional durante este período da vida do animal com o fornecimento do tipo certo e exato de alimento coadjuvante pela combinação de baixo conteúdo de fósforo, nível adaptado de fontes proteicas de altíssima qualidade e ácidos graxos essenciais omega-3, como EPA e DHA. Um alto teor energético (calórico) ajudará a compensar a perda do apetite e o consumo geralmente reduzido de alimentos, além de evitar a degradação das proteínas corporais em consequência da desnutrição.
No entanto, é preciso ter em mente que a quantidade de alimento deve ser individualizada de acordo com as necessidades dos pacientes, com base nas medições seriadas do peso e no escore de condição corporal. Os efeitos positivos do fornecimento de uma dieta renal dependem de uma alimentação exclusiva. Obviamente, a dieta deve ser de fácil digestibilidade e alta palatabilidade para evitar qualquer risco de recusa ou rejeição ao alimento.
Os tutores podem trabalhar em parceria com veterinários e enfermeiros, testando com facilidade várias apresentações até encontrar o produto mais adequado e facilmente aceito para o seu cão. Ambas as formulações (seca e úmida) da linha de dietas renais da Royal Canin podem ser oferecidas isoladamente ou misturadas para atender as preferências de cada animal (de fato, os estudos demonstraram que a mistura de alimento úmido com outro seco pode aumentar a aceitação e ingestão nos cães em até 17%) (2).
Os cães podem ser incentivados a aderir as recomendações das dietas renais, desde que:
- (a) seja realizada uma transição inicial do alimento antigo para o novo de forma gradual;
- (b) as dietas sejam oferecidas à temperatura ambiente;
- (c) as boas práticas de higiene e armazenamento dos alimentos sejam praticadas, e
- (d) seja considerado o ambiente onde o animal de estimação é alimentado.
Referências Bibliográficas
1. Lefebvre, S (2013) Clinical findings in cats and dogs with chronic kidney disease, in: Veterinary Focus, 23:3; pp 26-27.
2. Royal Canin: dados internos.