Dermatites Alérgicas em Gatos
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Gatos não são como cães pequenos. Os felinos domésticos diferem dos cães em diversos aspectos, e isso é especialmente importante na apresentação clínica das doenças e no comportamento apresentado diante delas. Nas dermatopatias, o prurido é um importante sintoma, que norteia o MV sobre a intensidade clínica do quadro e sua conduta naquele tratamento.
O clínico classifica o prurido durante a anamnese e, no caso dos gatos, essa informação fica comprometida em função do seu comportamento. Gatos não se lambem ou se coçam na presença de seus tutores, preferem fazê-lo quando sozinhos, durante a noite. Outro ponto é a evidência de ectoparasitas em pele e pelos.
Gatos se higienizam com frequência através da lambedura, dificultando a evidenciação de pulgas e seus dejetos, dificultando o diagnóstico de infestação por pulgas. Sobre a apresentação clínica das doenças dermatológicas, gatos apresentam três padrões de lesão dermatológica: alopecia simétrica bilateral (figura 1), dermatite miliar (figura 2) e complexo granuloma eosinofílico (figura 3).

Figura 1: Alopecia Simétrica Bilateral

Figura 2: Dermatite miliar

Figura 3: Granuloma eosinofílico
Dermatite Alérgica à Picada de Ectoparasitas (DAPE)
A dermatite alérgica à picada de ectoparasitas também acomete os gatos, no entanto a apresentação clínica é bem diferente da que vemos em cães. Além da localização clássica da lesão em “triângulo”, os gatos apresentam alterações nos três padrões de lesão dermatológica próprios da espécie, como exposto anteriormente.
Além disso, os gatos podem apresentar linfoadenopatia periférica, de moderada a marcante, e o diagnóstico de DAPE pode ser mais difícil de ser fechado em função do comportamento de auto higienização.
Dermatite Trofoalérgica (DT)
A alergia alimentar é conhecida como uma das principais causas de distúrbios dermatológicos e gastrointestinais em gatos e cães. Em gatos, ela é aparentemente pouco diagnosticada, mas é a segunda maior causa de dermatite alérgica, depois da DAPE. Não há predileção por raça, sexo ou idade nesta espécie, entretanto, alguns estudos já indicaram as raças Birman e Siamês como raças com maior predisposição para desenvolver a patologia.
O principal sintoma é o prurido localizado em cabeça, pescoço e orelhas, e cerca de 11% desses quadros cursam com sintomas gastrintestinais. A despeito das diversas provas sorológicas disponíveis, a dieta de eliminação sucedida pela exposição provocativa ainda é a prova ouro para diagnóstico da DT.
Dermatite Atópica (DA)
A dermatite atópica apresenta baixa morbidade em felinos, ficando atrás da DAPE e da DT. Em gatos, a DA apresenta-se antes dos 2 anos de idade em 95% dos pacientes. Em um estudo restrospectivo realizado por Ravens et. al avaliando 225 gatos, o autor questiona a baixa morbidade da DA em gatos e aponta a falta de diagnóstico e outras comorbidades como o motivo para números subestimados.
Além disso, determina gatos SRD, Abissínio e Devon Rex como predispostos à doença e detecta mais de 20% dos animais manifestando sintomas após 7 anos de idade.

Conclusão
Vale ressaltar que o controle rígido de ectoparasitas inclui o tratamento de todos os animais contactantes e do meio ambiente, e deve ser mantido durante toda a vida do animal, pois a picada de ectoparasitas pode desencadear crises em qualquer dos quadros diagnosticados.
Referências bibliográficas
Tratado de medicina externa: dermatologia veterinária / Carlos Eduardo Larsson, Ronaldo Lucas – São Caetano do Sul, SP: Interbook, 2016.
VERLINDEN, A. et al. Food allergy in dogs and cats: a review. Critical reviews in food science and nutrition, v. 46, n. 3, p. 259-273, 2006.
RAVENS, Philippa A.; XU, Bei J.; VOGELNEST, Linda J. Feline atopic dermatitis: a retrospective study of 45 cases (2001–2012). Veterinary dermatology, v. 25, n. 2, p. 95-e28, 2014.