Sistema Renal
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M.V. Jéssica Moreira CRMV-SP 35.614
O rim é o principal órgão do aparelho urinário com diferentes e importantes funções para o organismo, tais como a filtragem do sangue para a eliminação de resíduos tóxicos excedentes ao organismo, regulação da produção de glóbulos brancos e formação dos ossos, regulação da pressão arterial sanguínea, produção de eritropoetina e controle do equilíbrio químico e líquido do organismo. Um rim não saudável, pode apresentar uma série de sinais patológicos, sintomas e doenças.
Um rim comprometido pode evoluir de maneira rápida ou lenta e progressiva até a fase mais grave, levando a perda total de sua função. Essa alteração renal é classificada em estágios, de 1 a 4, sendo a 4 mais grave, e auxilia na compreensão da gravidade da doença, para assim poder escolher um tratamento adequado para cada estágio. À medida que a função renal diminui, a capacidade do organismo de equilibrar os fluidos e os nutrientes fica comprometida.
A doença renal aguda é definida como perda da função renal de maneira súbita, provocando acúmulo de substâncias nitrogenadas. Existem vários fatores que podem levar ao desenvolvimento dessa doença aguda como nefrotoxinas, hemorragia intensa, hipotensão, desidratação, hipovolemia e anestesia profunda. Já a doença renal crônica define-se como uma síndrome clínica que evolui por um período extenso, geralmente por meses ou anos, decorrente de alterações morfofuncionais irreversíveis no parênquima renal. A partir disso existem 4 fases da doença, sendo a 1 menos grave e a 4 mais grave.
Nessa fase os sinais clínicos e o reconhecimento da diminuição da função renal só se tornam evidentes quando mais de dois terços da função renal está comprometida. Durante a fase inicial da doença os animais apresentam poucos ou nenhum sinal clínico, devido à habilidade dos rins para compensar porém a medida que o problema progride, alguns sinais são percebidos, como o aumento da ingestão de água e consequentemente o aumento da produção de urina, ambos sinais que os rins utilizam na tentativa de eliminar os produtos de excreção.
Portanto para o monitoramento da doença, algumas substâncias são essenciais para auxiliar no equilíbrio e restauração das funções renais, melhorando a qualidade de vida desses animais.
Quitosana ou quitina desacetilada e poli-d-glucosamina é um polissacarídeo composto de copolímeros de glucosamina e N-acetilglicosamina. Constitui a maior parte dos exoesqueletos dos insetos, crustáceos e parede celular de fungos. Devido à alta densidade de cargas positivas do polímero, a quitosana atrai e se liga aos lipídeos (moléculas de gordura de natureza negativa) como uma “esponja”. A modificação da estrutura química das quitosanas foram relatadas por Shimizuet al. (2008), que sintetizaram novos derivados complexados á íons metálicos capazes de quelar o fósforo. MCINTYRE el al. (2009) mostraram que os compostos férricos seriam capazes de formar complexos com o fósforo no intestino.
A quitosana férrica é capaz de baixar os níveis de fósforo no soro devido a sua capacidade de reduzir a absorção intestinal do mesmo, em condições normais, isso é para evitar que o fósforo presente no alimento vá para o sangue, por isso esse quelante se liga ao fósforo no intestino para que parte deste fósforo seja eliminado pelas fezes. O cálcio também é capaz de baixar os níveis de fósforo no organismo devido a sua capacidade de reduzir a absorção intestinal do mesmo, por isso deve ser associado a quitosana.
Sabe-se que na doença renal, o rim encontra-se limitado nas suas funções, existindo carência de vitamina D (pois não consegue produzir as quantidades necessárias) e excesso de fósforo no sangue (já que o rim não o consegue excretar). A hiperfosfatemia é fator determinante para a recuperação de um paciente renal, quanto maior o índice, menor a recuperação do animal.
Acúmulo de fósforo gera a ativação do fibroblasto 23 que estimula a fibrose, inflamação e redução da ativação do hormônio D. Também aumenta a produção de PTH (paratormônio), que retira cálcio dos ossos tornando-os frágeis. Por isso é fundamental a redução dos teores de fósforo nos pacientes renais para aumentar a expectativa de vida e reduzir a progressão da doença.
A L-arginina é um aminoácido que tem especial relevância devido à sua relação com a via do óxido nítrico. A Arginina faz vasodilatação, melhorando a perfusão renal e consequentemente a pressão, e por fim transforma-se em óxido nítrico. Estimulando a síntese deste composto parece ser possível melhorar significativamente vários aspectos da função renal, graças à sua influência na imunomodulação, na vasodilatação, o que melhora a perfusão renal.
A doença renal crónica é uma condição que se caracteriza pela perda progressiva da função renal, acompanhada de uma série de alterações metabólicas resultantes diretamente dessa deterioração. Existem vários fatores de risco para a doença renal crônica e sua progressão, como a idade, a hipertrofia ventricular, a dislipidemia, Diabetes Mellitus, inflamação, disfunção endotelial, uma nutrição deficiente e o estresse oxidativo. Nesses pacientes se observa diminuição significativa da excreção urinária de metabolitos do óxido nítrico (NO2 - e NO3 -), sem alterações significativas destes no plasma dos doentes com IRC.
Porém o óxido nítrico na presença de inflamação e estresse oxidativo se transforma em peroxinitrato. Esse composto faz vasoconstrição (hipertensão) e trombos, sendo prejudicial. Para evitar essa alteração, deve-se associar antioxidantes concomitante ao uso da arginina, e assim gerar a resposta esperada de síntese de creatinina fostato e melhora da perfusão renal. Antioxidantes possuem a função de neutralizar a ação de radicais livres e pacientes renais apresentam grande aumento pelo estresse oxidativo que sofrem. Além disso conferem proteção aos néfrons.
Os Polifenóis de Chá Verde são derivados de ácidos fenólicos, conhecidos como flavonóides e as catequinas, componentes químicos da planta Camellia sinensis. São potentes antioxidantes (apresentando a ação mais potente dentre outras substâncias), sequestrantes de radicais livres, neutralizantes da ação oxidativa, quelantes de metais e inibidores de peroxidação. Seu diferencial é que conseguem neutralizar todos os radicais livres de uma forma mais eficiente, diferentemente de outros componentes que não tem essa ação. As catequinas presentes na planta são potentes antioxidantes inibindo os danos causados ao DNA, a imunossupressão e a inflamação são reduzidas com sua ação.
Vitaminas do complexo B são vitaminas hidrossolúveis, ou seja, que se dissolvem facilmente em água e são transportadas através do corpo pela corrente sanguínea. Essas vitaminas incluem a participação na síntese de novas proteínas, produção de ATP, apoio ao sistema imunológico e digestivo, manutenção da saúde dos sistemas neurológico e muscular, e participação no crescimento celular. Além disso, o ácido fólico, em combinação com as vitaminas B6 (piridoxina) e B12 (cianocobalamina), mantém os níveis de homocisteína saudáveis, uma condição boa para o coração e sistema circulatório e principalmente para renais, que durante a poliúria perdem o complexo B, onde forma homocisteína que é tóxica para o organismo.
Uma das melhores vitaminas para abrir o apetite é a vitamina B12, responsável por metabolizar as proteínas e gorduras do organismo. Em muitos casos, o déficit desta vitamina pode provocar a falta de apetite. Além da falta de apetite, a deficiência dessa vitamina também pode provocar perda de peso, cansaço, constipação ou debilidade. Durante a doença renal, os animais apresentam poliúria e polidpsia, apresentando excessiva perda das vitaminas do complexo B, por isso é muito importante sua reposição, para que assim os animais respondam ao tratamento utilizado.
O magnésio é o quarto cátion mais abundante no organismo e o segundo no meio intracelular. Desempenha um papel fundamental em várias funções orgânicas. Na célula se encontra predominantemente ligado ao ATP, nucleotídeos e complexos enzimáticos, atuando em inúmeras funções celulares. No sistema, participa da regulação da secreção de PTH (paratormônio), diminui a pressão sanguínea e altera a resistência vascular periférica.
O principal regulador do magnésio no organismo é o rim, onde 3 a 5% da carga filtrada é excretada pela urina, essa reabsorção tubular pode ser reduzida por diversos fatores como a expansão do volume extracelular, e uma doença renal. Diferentemente de outros íons, não há controle hormonal sobre a concentração plasmática de magnésio, a qual é a principal reguladora da reabsorção deste íon no néfron. Portanto animal que apresenta alteração renal onde há poliúria e polidpsia, apresenta perda de magnésio, devendo ocorrer assim a reposição do mesmo.
Já o citrato de potássio é um sal que atua também no sistema tampão renal (em pequena quantidade). Os tampões, denominação traduzida do original inglês "buffer" (amortecedor), são as substâncias que limitam as variações do pH do sangue e demais líquidos orgânicos, ao se combinarem com os ácidos ou as bases que alcançam aqueles líquidos. No tampão renal a finalidade é controlar o equilíbrio ácido-base ao excretar urina ácida ou básica.
O mecanismo global pelo qual os rins excretam urina ácida depende da quantidade de HCO3- filtrada e não reabsorvida, e da quantidade de H+ secretada no lúmen tubular. A produção de bases pelo metabolismo normal é menor do que a produção de ácidos, logo, normalmente, a urina excretada é ácida, como mecanismo para evitar acidose metabólica.
Sob condições normais, quase todo o bicarbonato filtrado é reabsorvido dos túbulos. Na alcalose, os rins não conseguem reabsorver todo o bicarbonato filtrado, aumentando, assim, a excreção de bicarbonato. Na acidose, os rins não excretam HCO3- na urina, mas reabsorvem todo o bicarbonato filtrado e produzem novo bicarbonato, que é acrescentado ao LEC, o que reduz a [H+] para os níveis normais.