Os desafios da Dirofilariose
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Introdução
A dirofilariose, ou “doença do verme do coração”, é uma antropozoonose emergente de cães, causada por nematódeos do gênero Dirofilaria (especialmente a D. immitis), um parasita do sistema circulatório. Trata-se de uma doença muitas vezes negligenciada já que, por seu caráter crônico, os animais podem não apresentar sinais clínicos, mas permanecem disseminando a infecção. A seguir, levantamos alguns pontos principais sobre esse tema:
1. A incidência da dirofilariose no Brasil está caindo?
Um trabalho publicado em 2001 mostrou que a incidência da doença no Brasil era de 2%, um número menor do que aquilo que vinha sendo relatado em estudos anteriores. Isso levou à crença de que a prevalência da doença no país vinha caindo e, consequentemente, houve uma menor preocupação com a profilaxia.
Um trabalho mais recente, publicado por Labarthe et al. (2014), no entanto, mostrou que a prevalência da infecção em cães no Brasil continuava aumentando, chegando a 23%. As áreas litorâneas tendem a apresentar um maior número de casos, porém a infecção também é relatada em regiões distantes do litoral.
Essas informações reforçam a importância da manutenção constante e sistemática de medidas de prevenção, para evitar que essa importante zoonose seja negligenciada.
2. Todos os mosquitos são capazes de transmitir as larvas de D. immitis?
Muitas espécies de mosquitos podem transmitir a infecção. No Brasil, as espécies mais comumente envolvidas são as dos gêneros Culex sp., Aedes sp. ou Anopheles sp.
3. O que são microfilárias e qual a fase infectante da doença?
As microfilárias são as larvas de primeiro estágio (L1) produzidas pela reprodução dos vermes adultos no hospedeiro definitivo (cão). Caso essas microfilárias sejam captadas pelos mosquitos vetores durante o repasto sanguíneo, o ciclo da infecção se fecha. No trato gastrointestinal do mosquito, a microfilária (L1) pode se desenvolver até o estágio de L3, que é a forma infectante da doença. O ciclo de vida da D. immitis pode ser observado no infográfico ao lado:
4. Encontrei microfilárias de D. immitis, os vermes adultos sempre estarão presentes?
Geralmente sim, a menos que o tratamento adulticida tenha sido administrado. É muito raro que as microfilárias estejam presentes sem vermes adultos em um cão não-tratado, pois acredita-se que o tempo de vida deste verme adulto seja mais longo.
Essa situação de microfilárias na ausência de vermes adultos pode ocorrer em filhotes. Isso se dá, porque essas larvas de primeiro estágio podem ser transmitidas via transplacentária. As microfilárias podem não causar nenhum dano aos filhotes, mas esse animal serve como reservatório da doença, já que a larva pode ser capturada por um mosquito durante o repasto sanguíneo.
5. Qual o protocolo para classificar a gravidade da dirofilariose?
A infecção pela D. immitis pode ser classificada em diferentes graus, de acordo com os sinais clínicos e os sinais radiográficos, conforme quadro abaixo:
6. É necessário tratar as microfilárias ou somente os vermes adultos?
As microfilárias podem não causar nenhum sintoma ou causar apenas um pequeno processo inflamatório, no entanto, a American Heartworm Society (AHS) recomenda o tratamento das microfilárias, principalmente pelo risco de transmissão da doença, já que o cão microfilarêmico persiste como reservatório para a disseminação da infecção por dirofilárias.
Para o tratamento da microfilaremia, indicase o uso das lactonas macrocíclicas, tanto da ivermectina quanto da milbemicina. Ambas drogas são altamente e igualmente eficazes: mais de 90% das microfilárias é morta por uma única dose de ivermectina. A dose dessa droga para o tratamento (50 µg/kg), no entanto, é equivalente a quase 10 vezes a dose profilática.
7. Qual o fármaco mais indicado na profilaxia da dirofilariose e como ela deve ser realizada?
A dirofilariose é uma doença que pode ser evitada e as lactonas macrocíclicas são as drogas de escolha para prevenção da infecção pela D. immitis, em especial a ivermectina. Para isso, a AHS recomenda que a profilaxia seja iniciada nos filhotes o mais cedo possível, de preferência antes da oitava semana de vida, sempre em esquema mensal, durante todo o ano. Porém, se a opção for realizar o tratamento apenas na estação de transmissão ou quando o animal viaja para áreas endêmicas, a administração da droga deve ser feita com pelo menos um mês de antecedência.
8. A ivermectina é segura para Collies e outras raças consideradas sensíveis?
Algumas raças como os Collies sabidamente possuem uma deficiência genética da Glicoproteína-P e por isso são mais sensíveis a uma grande variedade de medicamentos, como antibióticos, opióides, imunossupressores e, também, a ivermectina. Essa substância atravessa a barreira hematoencefálica e pode predispor o animal a apresentar sintomatologia neurológica – essa toxicidade, no entanto, só ocorre em doses altas (> 100 µg/kg) e em apenas um subgrupo (aproximadamente um terço) dos cães dessas raças.
Ambas as doses, preventiva e microfilaricida, recomendadas da ivermectina, são tão seguras para essas raças quanto para qualquer outra.
As dosagens quimioprofiláticas padrão de lactonas macrocíclicas aprovadas para cães apresentam segurança no seu uso em todas as raças.
Fonte: American Heartworm Society, 2014
Conclusão
Em se tratando de dirofilariose, a frase “é melhor prevenir do que remediar” faz ainda mais sentido. Endogard é um vermífugo completo, que previne e trata as principais verminoses, trata a giardíase e previne a dirofilariose, pois possui em sua composição a ivermectina na dose de 6 µg/kg, dose que, de acordo com a American Heartworm Society, é eficaz na profilaxia da infecção pela D. immitis e é segura para todas as raças.
Referência Bibliográficas:
American Heartworm Society. Orientações atuais para prevenção, diagnóstico e controle da Dirofilariose em cães, 2014. Disponível na internet: www.heartwormsociety.org
Costa da Silva, R.; Langoni, H. Dirofilariose, zoonose emergente negligenciada. Ciência Rural, v.39, n.5, 2009.
Labarthe et al. Updated canine infection rates for Dirofilaria immitis in areas of Brazil previously identified as having a high incidence of heartworm-infected dogs. Parasites & Vectors, 7:493, 2014.
Abbott J. A. Segredos em Cardiologia de Pequenos Animais. Editora Artmed. 2006.